segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

20:36

Saudade é a marca dos meus pés no chão, me mostrando pra onde eu devo seguir.
Quando eu era pequena, poucas coisas me faziam feliz.Sempre fui muito antisocial e chata, mas me lembro q tinha um lugar no “mundo inteiro”, que era o meu preferido, que me trazia paz, lembro q era quente e muitas vezes me faltava o ar, mas nunca houve um lugar em que eu gostasse mais de estar do que ali.
Todos os dias a noite, meu pai chegava do serviço, jantava e tomava banho, ai ele se deitava naquela poltrona reclinável, tipicamente de pai, ligava a tv e assistia ao jornal nacional, lembro que nessa época eu dormia muito cedo, nunca conseguia passar das 21h acordada, virada de ano então era um sacrifício.Mas muitas vezes eu resistia ao sono, só por causa daquele momento.Era a noite, quando meu pai olhava pra mim sentada no chão, batia no peito com três palmadinhas e fazia um som, parecido com o do “Pingu” o pingüim de massinha da tv cultura, era algo mais ou menos assim: “úh, úh”, e eu sabia, que naquela noite eu ia dormir bem.
Eu corria e pulava sobre ele, e minha cabeça eu encostava no ombro, mas embaixo um pouco, meio que entre a axila e o sofá, meu pai colocava o braço em volta de mim, e eu encaixava minhas pernas na voltinha da barriga dele, então eu ia fechando meus olhos e ouvindo o coração dele bater cada vez mais alto, esticava minha mãozinha até alcançar a orelha dele e ali naquela bolinha, onde as pessoas usam pra por brinco, onde tem mais carninha, eu ficava mexendo até dormir.Tem criança q precisa de chupeta, outra de fronha pra morder ou cheirar.Eu sempre precisei do colo do meu pai, de cada detalhe, do cheiro, do calor, da falta de ar, da voz do Willian bonner ao fundo, de mexer na orelha dele, de sentir o seu coração bem perto de mim, me dizendo q eu estava segura ali.
Acho que é assim até hj.
Deus me dá colo, pelo colo do meu pai.

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